A ameaça

Não assisti ao Jornal Nacional, há anos não assisto, mas dizem que Bonner encerrou o noticioso (leia-se com aspas) repetindo com ar tenebroso uma postagem que o Ministro do Exército fez no Twitter com o seguinte conteúdo: “Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais.”

Isso tudo à véspera do julgamento mais importante da história brasileira. Não que devesse sê-lo, porque matérias jurídicas mais relevantes já passaram por lá, mas porque a decisão diz respeito à possibilidade de prender antes do trânsito em julgado o candidato que lidera as pesquisas a presidente.

Talvez eu não tenha entendido a mensagem do general, mas me vêm à mente vários pensamentos. O primeiro deles é óbvio: ele está dizendo que, dependendo da decisão que venha a ser tomada, isso configurará impunidade. Mais: diz que o Exército Brasileiro repudia a impunidade. Em terceiro, numa óbvia articulação entre o primeiro e o segundo pensamento: o general está proferindo uma ameaça.

Sim, é isso: na véspera do julgamento, o comandante do Exército diz que uma das decisões possíveis do julgamento será repudiada pelo Exército. E a comandante da mídia golpista reproduz a matéria com as cores funestas de coveira da democracia.

Daí, me vêm duas perguntas: 1) O Supremo se dobrará à chantagem? 2) O que o exército fará se o Supremo não decidir como o seu comandante deseja?
Pensei que não viveria para ver isso acontecer.

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