Meu presente chegou agora, antes do Natal.
Veio da Cisjordânia, e a dedicatória diz que o recebo de vários corações palestinos.
Há muito se foi aquela fase da vida em que presentes podiam me mobilizar, mas fiquei comovido ao ganhar esta kufiya.
A recebi como se me dissessem: toma, usa esse lenço, você é dos nossos.
E sou!
Nada fiz de especial para merecê-lo, e o recebo sabendo que as crianças de Gaza não ganharão outro presente que não bombas sobre suas cabeças.
Com certeza, o mandaram porque escrevi algumas coisas contra o genocídio. Como os sionistas não gostaram, a ponto de me denunciarem ao CNJ, dizendo que sou antissemita (eles têm esse estranho hábito de chamar de antissemita quem denuncia os crimes de Israel), minha resposta deve ter chegado aos palestinos.
Mas o que fiz é o que milhões de pessoas de boa vontade têm feito: é humano defender os oprimidos, os injustiçados; é humano lutar contra o colonialismo e todas as formas de opressão; logo, é humano defender a Palestina.
Os palestinos resistem em Gaza, resistem na Cisjordânia, na terra de seus ancestrais. Resistem porque é sua terra, a terra que lhes foi roubada, e segue sendo tomada, dia a dia, palmo a palmo, pelo poderoso invasor.
Sucumbem diante da tecnologia militar, que só os ricos do mundo podem ter, mas não se vergam para o dominador e teimam em sobreviver: a podridão moral do agressor os faz mais fortes. E sabem que têm amigos no mundo.
A eles não é dada uma noite de paz, mas alegraram meu dia com esse lenço.
Meu coração se faz palestino e agradece.
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